sexta-feira, 15 de abril de 2011

COMO PENSAR NO XADREZ (IV)

MÉTODO DORFMAN E O ALGORITMO DA BUSCA DE JOGADAS


 A DINÂMICA EM FAVOR DAS PEÇAS.

Como levar a cabo a avaliação das posições críticas? Faz muitos anos que vivo e trabalho na França. Creio que dedico-me a treinar mais por razões econômicas que enxadristicas. No princípio dirigi concentrações com a equipe nacional e treinamentos individuais com os melhores representantes deste país. Depois houve trabalho constante com os jovens Etienne Bacrot, Elua Relange, Robert Fontaine e outros. A continuação abri minha própria escola, pois obtive um material muito amplo. Faz cinco anos que começou a ser viável o meu desejo de expor em um livro minha visão do xadrez, ou seja minha crença enxadristica. Devia empreender uma nova tarefa. De momento tenho editado dois livros: "O Método no Xadrez" (1998) e "O Momento Crítico" (1999). Agora estou trabalhando sobre o terceiro livro - que provavelmente será o último desta série - que está próximo a editar. A parte técnica da edição é simples. Negócio com a editora meu manuscrito e depois de 10-12 dias levo para casa o livro editado com a tiragem. Depois eu mesmo divulgo os meus livros através das pessoas em que confio. Seguramente esta cadeia pode funcionar na França, aonde eu tenho as coisas muito as claras. Editar meus livros em outro idioma não me interessa demasiado, segundo a experiência que tenho tido com diferentes editores na Inglaterra, Alemanha e EUA. Por razões óbvias poderia aceitar condições menos favorável e editá-lo em Russo, porque preciso do contato com os leitores de alto nível. Minha ideia do método nasceu durante a análise de centenas de partidas de meus alunos. A estatística mostra que a imensa maioria dos erros se cometem nas posições críticas e tentei elaborar um algoritmo de busca das jogadas nas posições críticas. Imaginemos a partida de xadrez como aquelas fases técnicas divididas entre si pelas posições críticas: Como definir a existência de uma posição crítica no tabuleiro de xadrez? Já minha meta era escrever um manual de xadrez, trabalhei com muitíssima minuciosidade para elaborar as definições. Se consideram as posições críticas aquelas aonde se tem que tomar decisões importantes. Pois tudo isso é absolutamente inútil desde o ponto de vista prático e do treinador. Eu propus três critérios para descobrir as posições críticas:
1) As posições onde há que tomar decisões quanto a estrutura de peões(sobretudo no centro).
2) As posições onde se tomam as decisões relacionadas com as trocas. Por exemplo se as trocas são forçadas, estaremos dentro da fase técnica.
3) Ao final de uma série de jogadas forçadas(não se pode confundi-las com combinação!).

ESTÁTICA E DINÂMICA

Em qualquer partida conflitiva um dos rivais possuem uma vantagem permanente(a isto chamamos de vantagem estática) e em troca o outro terá vantagem posicional(dinâmica). Como exemplo da vantagem permanente e temporal podemos citar a vantagem material e a vantagem em desenvolvimento. Estou profundamente convencido que o jogador que possuir a vantagem estática deve mantê-la com recursos técnicos, sua posição pode melhorar a cada instante. Com frequência a meus alunos planejo exercícios de que encontrem uma série de jogadas que podem melhorar a posição sem entrar em contato com a outra parte. Se isto é realmente realizável, então a posição é boa estaticamente. Ao mesmo tempo o jogador que possui a vantagem dinâmica não pode melhorar sua posição a longo prazo, sem entrar em contato com o seu contrictante. tudo não é tão inocente como pode parecer a primeira vista. Um dos importantes pilares parece ser refutar o postulado tão popular: "o jogador que detém a vantagem deve atacar". Isto é tão absurdo como a afirmação de que os ricos devem fazer as mudanças revolucionárias para os pobres. Este postulado deve ser trocado por outro: "o jogador que detém a vantagem dinâmica está obrigado a atacar para não perder sua vantagem", que a meu juízo tem mais lógica.

Dorfman,I - Tal,M [E38]
Barcelona Espanha, 1992
[Dorfman]
Permita-me mostrar um comentário de minha partida contra Tal, extraído do meu livro "O MÉTODO NO XADREZ". 1.d4 Cf6 2.c4 e6 3.Cc3 Ab4 4.Dc2 c5 5.dxc5 Dc7 6.a3 Axc5 7.b4 Ae7 8.Cb5 Dc6 9.Cf3 d6

Escrevi: "um dia vou provar a dinâmica 10.g4!?, que encontrei em 1994 - em Rejkjavik - durante o match França - Islândia". Alguns dias antes de publicar meu livro encontrei uma ideia parecida no livro de Mark Devoretsky e Yusupov - Os Métodos do Ensino do Xadrez na página 254 se mostra a partida Kiriakov - Sakaev, Semferopol, 1990. *

 Kiriakov - Sakaev [E38]



Simferopol, 1990



[Dorfman]



1.d4 Cf6 2.c4 e6 3.Cc3 Ab4 4.Dc2 c5 5.dxc5 Axc5 6.Cf3 Db6 7.e3 Dc7 8.Ad2 0-0 9.Ad3 Rh8 10.0-0-0 Ae7

Os autores oferecem a jogada 11.g4, pois encontrei erros no seguintes comentários: "ele tinha a vantagem deve atacar". Quando se fala sobre a vantagem estática este postulado pode levar a erros fatais. Durante as aulas repito com frequência que "uma partida não é ganha duas vezes". Voltando a posição de Dorfman - Tal e Kiriakov - Sakaev, se têm que jogar g4, porque a vantagem permanente - maioria de peões no centro - pertence ao contrário. Meu método propõe fazer um balanço estático nas posições críticas que permite definir quem tem a vantagem estática. Para este objetivo realizei uma escala de elementos estáticos de maior a menor. O elemento mais importante da escala é a posição estática do rei. Nesta escala não existe a categoria de espaço como elemento independente. Em minha opinião o espaço deve-se apreciar em conjunto com a posição estática ou com as peças boas ou mal. Muito frequentemente o termo de peça mal deve ser usado com cuidado, porque a mal colocação de uma peça pode ser temporal. Essas razões bastantes evidentes nos permite evitar algumas confusões. Vejamos outro exemplo do livro Os métodos de Ensino no Xadrez, na página 110 se analise o fragmento da partida. *

 Dolmatov,S - Romanishin,O

Minsk, 1979

Jogam as brancas. Citaram os autores: "As brancas têm vantagem no espaço, pois as pretas estão em poder da casa e5. Os pretendentes para conquistar essa casa são os dois cavalos. Junto ao bispo preto. As brancas não podem e não devem lutar pela casa e5 - uma das peças de outro bando vai ocupar a casa e as restantes vão sobrar. Têm que começar a valer seu próprio jogo. Por exemplo: 1.Aa5! (debilita a casa c6 e os peões do flanco dama e não se pode retroceder a torres por. 2.Aa4). 1...b6 [1...Tde8 2.Aa4 Ad8! e as brancas esperam uma tarefa ingrata para igualar a partida. Isto é uma clara amostra de confusão dos elementos estáticos e dinâmicos no xadrez. Se repetem os mesmos erros no mesmo livro e na mesma página mostrando o fragmento do encontro Karpov - Dolmatov (Amsterdam, 1980). Lamento muito pois vejo erros similares em MI SISTEMA de Nimzovitsch. Trata-se não de erros táticos, que também em meu livro podem constatar por várias dezenas, e sim por erros do sistema. Dos muitos exemplos mostrarei meus preferidos:] 2.Ac3 C4e5 3.Cd4! seguido de a2-a4-a5. Este plano prometia as brancas uma magnífica perspectivas. Na partida atuaram com muito menos lógica". Como pode-se comentar tudo isto? Em minha opinião não existe nenhuma vantagem de espaço, por que o rei branco esta mal situado estaticamente e as pretas não t6em peças má colocadas. Assim por exemplo o cavalo se transladará desde de g4 a e5(mais tarde a d3), o cavalo de g6 pode ocupar a casa e5 e f4 e o bispo preto pode pode eleger entre a casa b6 ou f6. Cutiosamente a variante concreta oferecida subtraia ao defeituoso raciocínio dos autores: *

Nimzovitsch,A - Mishel



Zimmering, 1926


Jogam as pretas. Brindo a palavra a Nimzovitsch: "e6-e5 provoca a perda da casa d5, por exemplo: 1...e5 2.Dg3 (ameaça agora Axe5) 2...Ag7 [ ë possível compensar tudo isto com uma jogada tática 3.Axe5? Penso que não, vou demonstrar. 2...Ae6! 3.Axe5 Ae7 talvez seja mais preciso do que Ag7 (3...Ag7 A utilidade do meu método permite encontrar as possibilidades mais profundas e interessantes. Começarei alguns exemplos do tema "A Posição Estática do Rei". 4.Ac7 Dd7 e a posição é muito difícil para as brancas.) ] 3.e4 seguido de d3 e Cc3-d5 com vantagem posicional para as brancas...". Por que estes comentários me chamaram atenção? As pretas têm clara vantagem estática: o material, os dois bispos, um melhor final em perspectiva e a melhor estrutura de peões (as brancas têm um peão isolado "a" o peão retrasado "d" e várias casas brancas débeis). *

Matveeva - Litinskaya

Erevan, 1985

Jogam as pretas. Nào é suficiente abordar esta posição de forma intuitiva. Em troca meu método proporcionava inclusive aos jogadores fracos encontrar as jogadas candidatas corretamente. Estaticamente as pretas estão melhores porque seu rei tem um refúgio seguro em b7; a parte disto há a possibilidade de manter o duo "D + C" contra "D + A" é muito elevada. A conseqüência dele as brancas devem jogar com dinâmica. Os recursos da luta dinâmica são modificar as estruturas de peões, troca de material e a tomada da iniciativa. Por conseguinte, depois de 1...Rd7 as brancas têm três possibilidades: 2.e4, 2.h4 e Dg7+. Está claro que para alterar a vantagem estática das pretas, as brancas devem trocar as damas Para isto serve simplesmente: 2.Dg7+ Rc8 3.Df7! Dd6 4.Dg7 1/2-1/2

De la Riva,O - Gallager,D



França, 1998


Jogam as brancas. Aqui as coisas são mais difíceis que no exemplo anterior. As brancas retrocederam com seu cavalo. 1.Cc1 e depois [1.Ca5! com ideia de 23.b4. As brancas quase têm vantagem decisiva. Esta claro que as dimensões da revista não permitem repercutir as idéias de vários livros no artigo. Para terminar a apresentação de meu método, ofereço a análise da posição T. Petrosian - G. Pfeifer, leipzig, 1960. Aqui se pode ver que o mesmo elemento estratégico existe tanto estaticamente como também dinamicamente. ] 1...f5 as pretas ganharam a partida por ataque. Eu estava presente durante as análises posteriores ao encontro, porque Gallager era membro de meu clube em Cannes. Devido a que o rei branco estaticamente está mal situação, era necessário buscar possibilidades dinâmicas. Assim encontrei a ideia correta 0-1

Petrosian,T - Pfeifer,G



Leipzig, 1960


Jogam as brancas. A posição em caso de troca das damas e quando a estrutura é melhor para as pretas. Desde o ponto de vista das brancas se precisam de ações dinâmicas. as jogadas candidatas são: 1.Ce5 e 1.d5. Na partida sucedeu isto: 1.Ce5 [ Esta claro que a posição dinâmica do preto não é boa. O jogo correto na posição inicial consistia em >=1.d5! exd5 2.Cxd5 Cxd5 3.cxd5 Af6 4.e4 Axb2 5.Dxb2 0-0 6.a4 com clara vantagem das brancas.] 1...cxd4 2.exd4 Cxe5 3.dxe5 Cd7 4.f4 Cc5 5.Ae2 e aqui em vez da imprudente 5...g6? que terminou em catástrofe depois de [5...f5 6.exf6 Axf6; 5...Dc7 6.Tad1 (6.f5 0-0-0 7.fxe6 fxe6 8.Tf7 Cb3! 9.axb3 Ac5+ 10.Tf2 Thf8 11.Taf1 Dc6 12.Af3 Txf3 e as pretas ganham.) 6...Td8 7.f5 (7.Txd8+ Rxd8 e o rei buscará refúgio no flanco dama) 7...Txd1 8.Axd1 0-0 9.f6 gxf6 10.exf6 Ad6] 6.Tac1 Dc7 7.Cd5! 1-0

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