domingo, 12 de agosto de 2012

A PSICOLOGIA NO XADREZ - ANAND - GELFAND

TRAÍDO PELOS NERVOS
Gelfand no momento crítico psicológico do match.
No xadrez, como em qualquer outro esporte, a psicologia desempenha um papel crítico. Uma coisa é certa, não se tornar um campeão do mundo tendo um caráter fraco. No entanto, mesmo o mais corajoso e mais autoconfiante for o jogador não estará garantido o êxito. O maior do desafio, é o controle dos nervos. Vladimir Kramnik mencionou enquanto comentava sobre o jogo que, provavelmente, a principal diferença entre os jogadores do topo e os grandes mestres top-100 é que o primeiro pode lidar melhor com o estresse. O jogo não é decidido apenas no tabuleiro, é um confronto de mentes, personalidades. Pode-se estar melhor preparado na abertura, geralmente jogar o xadrez melhor, mas ainda assim perdem devido ao seu descontrole emocional. Mesmo o melhor dos melhores falha às vezes.
Para ilustrar este pensamento vamos analisar o que aconteceu no match Anand  e Gelfand pelo título mundial do xadrez. Do ponto de vista psicológico o match pode ser dividido em duas partes: antes e depois da oitava partida. Claramente o campeão Anand não estava na sua melhor forma. Durante as primeiras oito partidas Vishy passou à  impressão de pouco confiante e passivo. Gelfand pelo contrário mostrava-se melhor preparado e ganhava a iniciativa tanto de brancas como de pretas e na sétima partida os problemas psicológicos de Anand aumentaram após perder de forma terrível, foi um verdadeiro choque para o Campeão do Mundo. Muitos analistas esperavam ele se recompor após a derrota, mas ele continuou jogando mal na oitava partida até um momento fortuito, quando Gelfand tinha uma grande vantagem na posição, cometeu um erro crucial com sua dama e caiu numa cilada, fazendo-o perder uma partida talvez ganha. O placar do match estava novamente igualado. A partir daí houve uma mudança radical no humor dos jogadores. Anand passou a ficar mais relaxado, concentrado e mais confiante, Gelfand passou a ficar mais tenso, desconcentrado e pouco confiante. Por exemplo: na nona partida Anand estava defendendo uma fortaleza contra a dama de Gelfand. Tendo feito alguns movimentos rápidos e fortes, ele ofereceu o empate ao seu adversário e Gelfand prontamente aceitou. Normalmente o lado mais forte é que oferece o empate, foi um sintomático momento psicológico de pouca confiança ou medo. Anand percebeu e a partir daquele instante começou a ter as rédeas do combate e acabou vencendo no tie-break.
Então eu considero a oitava partida o ponto crítico do match.

3 comentários:

  1. Oi, Carlos!

    É sempre assim, os nervos atrapalham o cérebro...

    Acredito eu que, se Gelfand fosse praticante de meditação, hoje ele teria o pomposo título de Campeão Mundial.

    Mesmo o Anand, se fosse adepto desta prática milenar, ele teria ganhado o título mundial das mãos do Kasparov.

    Pois, é, isto é uma dica que deixo aqui para as pessoas que treinam muito, mas ficam nervosas na hora do vamos ver.

    Tenho certeza que Fischer meditava. Tiro isso pela pose dele debaixo dágua em uma foto na piscina. Ele sabia, como ninguém deste trunfo que fortalece o corpo e a mente!

    Excelente artigo, parabéns!

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  2. É Aloísio, concordo com você, a meditação ajuda em todo os aspectos e nem todo mundo sabe disto! Obrigado.

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  3. Olá, escrevo mal por ser tetraplegico ok?
    Jogo no flyordie e sou fraco no xadrez, mas nao consigo parar de jogar kkk, é vicio né.
    Tenho esse serio problema nos finais de partidas, eu com boa vantagem e sinto a pressao de ganhar: recentemente eu com duas damas e o adversario só com o rei e piões ok, deixei ele sem poder se mover, gerando o empate.
    Depois desse dia, perdi mais algumas sem pre estando com vantagem no final.
    Em fim, estou meio depressivo kkk, e agora? o quê faço?
    Desculpem o desabafo.

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